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O banco de duas cabeças: um símbolo de liderança entre os Mehinaku

Entre os Mehinaku, povo do Território Indígena do Xingu, o banco em forma de pássaro de duas cabeças é um objeto de profundo valor simbólico. Chamado de xépi, ele não é um banco qualquer: sua utilização é restrita aos caciques, os líderes da comunidade. A origem desse banco e sua associação com a autoridade estão ligadas à mitologia do Xingu e à figura do Urubu-Rei de duas cabeças, chamado Ulupukumã.

 

Imagem: banco indígena do povo Mehinaku. 29 cm (A) x 40 cm (L) x 108 cm (P). Acervo Arve.

 

Segundo o depoimento de Yumuin Mehinaku, registrado por Watatakalu Yawalapiti e publicado no livro Bancos Indígenas do Brasil (Editora BEI - link para livro), esse pássaro lendário era considerado o líder dos pássaros e foi escolhido pelo Sol, ou pelo ser criador Kuwamutu, para representar os caciques. A história narrada é complexa e cheia de significados: o Sol, em busca do Urubu-Rei, arma uma armadilha com ratos mortos e o captura. Ao serrar suas cabeças, libera a claridade do mundo. É nesse momento que se revela a liderança do Urubu-Rei, e que se estabelece o banco de duas cabeças como um objeto reservado aos caciques.

 

Imagem: banco indígena do povo Mehinaku. 38 cm (A) x 36 cm (L) x 102 cm (P). Acervo Arve.

 

“A reprodução deste pássaro será feita somente para os caciques. O banco de duas cabeças não servirá para qualquer um e não poderá ser usado por qualquer um”, diz o texto. É o próprio Urubu-Rei quem aprova e declara que o banco, com duas cabeças como as suas, será exclusivo dos líderes. Quando o primeiro banco é produzido, é o Gavião-Rei quem se senta nele, com a aprovação do Urubu-Rei: "Ele é cacique e por isso tem que se sentar no banco".

 

Imagem: banco indígena do povo Mehinaku. 29 cm (A) x 38 cm (L) x 69 cm (P). Acervo Arve.

 

O banco de duas cabeças carrega, assim, uma dimensão sagrada. Sua criação está ligada a um momento de origem e à própria construção simbólica da liderança entre os povos do Xingu. Mesmo quando essas peças chegam ao mercado e são adquiridas por não-indígenas, o respeito por seu significado deve ser mantido.

Como bem conclui o depoimento de Yumuin Mehinaku: “A produção de bancos é sagrada. Mesmo quando forem vendidos para os não indígenas, esses objetos devem ser valorizados, como os antigos valorizavam e respeitavam os bancos sagrados”.

 

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