Uma aula imperdível sobre gravuras
Temos o prazer de disponibilizar uma aula única com o professor e crítico de arte Rafael Vogt Maia Rosa. Ao longo da apresentação, ele explica o que é uma gravura, suas diferentes técnicas e sua importância na história da arte brasileira. A aula inclui ainda uma análise crítica de obras de grandes nomes da gravura nacional, oferecendo ao público uma introdução rica e acessível ao tema.
Assista à introdução no YouTube:
O que é, afinal, uma gravura?
A gravura é uma técnica artística milenar que consiste na criação de imagens a partir de uma matriz, permitindo ao artista produzir uma série de exemplares com a mesma composição. Cada exemplar é considerado uma obra original, desde que faça parte de uma tiragem controlada, assinada e numerada pelo artista.
Diferente de uma reprodução mecânica ou digital, a gravura envolve intervenção direta na matriz — seja ela de madeira, metal, pedra ou tela — o que confere à obra uma identidade tátil, processual e única.
Breve história da gravura
A gravura surgiu como forma de expressão visual no Oriente, com destaque para a xilogravura chinesa e japonesa, mas foi na Europa, a partir do século XV, que ganhou projeção como linguagem artística. Artistas como Albrecht Dürer, no Renascimento, e Francisco Goya, no século XVIII, elevaram a gravura ao status de obra de arte autônoma.
No Brasil, a gravura teve papel central em movimentos modernos e contemporâneos, como o Movimento de Gravura de Goeldi, a atuação do Atelier Livre de Gravura e o legado de artistas como Oswaldo Goeldi, Lívio Abramo, Maria Bonomi e Anna Bella Geiger. Muitas dessas obras dialogam com temas sociais, paisagens urbanas, tradição popular e experimentações técnicas.
As principais técnicas
Existem diversas técnicas de gravura, cada uma com características visuais e procedimentos próprios:
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Xilogravura: feita sobre matriz de madeira, marcada por contrastes fortes e presença gráfica intensa. Muito utilizada na arte popular nordestina, mas também explorada por artistas modernos.
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Gravura em metal: engloba técnicas como água-forte, ponta seca e buril. Trabalha-se sobre placas metálicas, onde o desenho é feito por incisão direta ou por ação química (ácidos).
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Litografia: técnica realizada sobre pedra calcária ou matriz de alumínio. Baseia-se na repulsão entre gordura e água. Produz traços mais fluidos e pictóricos.
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Serigrafia (ou silk-screen): impressão feita por meio de uma tela vazada com áreas bloqueadas. Técnica muito usada por artistas contemporâneos como Andy Warhol, permite cores vibrantes e grandes formatos.
Cada técnica exige domínio técnico e uma intenção estética específica. Por isso, a gravura é considerada uma linguagem com identidade própria — não subordinada à pintura ou ao desenho, mas autônoma e expressiva em sua essência.
Gravura é arte, não reprodução
É importante destacar que gravura não é cópia. As edições são limitadas, controladas e numeradas (ex: 3/30 indica o terceiro exemplar de um total de 30). O artista acompanha de perto a impressão e muitas vezes intervém manualmente em cada exemplar (além da assinatura), conferindo ainda mais autenticidade à série.
A gravura permite ao colecionador acessar obras de grandes artistas com valores mais acessíveis, sem abrir mão da originalidade, da assinatura e do valor histórico.
Confira o acervo de gravuras da Arve